Escolas na Dinamarca proibem smartphones durante o dia escolar

A Dinamarca foi pioneira na adoção de ferramentas digitais para a educação e agora é pioneira na retirada da tecnologia da sala de aula, regressando uma abordagem mais tradicional, segundo a Euronews.

O número de escolas que adotam a política “mobile-free school” é cada vez maior. Os alunos são obrigados a entregar os seus dispositivos durante o dia escolar um pouco por toda a Dinamarca.

Os educadores observam o impacto que o acesso irrestrito aos dispositivos digitais teve na aprendizagem e no comportamento social dos alunos.

Algumas escolas optam por um sistema em que alunos têm de deixar os seus smartphones num cofre à chegada à escola. Essa medida foi necessária após falhar a política de deixar os alunos manter os seus telefones, convidando a desligá-los durante as aulas. Muitos não seguiram as regras e os telefones tocaram e vibraram, perturbando as aulas.

As distrações tomaram proporções tão evidentes que foram criados programas para limitar o uso de aparelhos em 2023.

De acordo com o relatório PISA da OCDE, os estudantes a nível mundial têm um melhor desempenho em matemática e sentem um sentimento mais forte de pertença à escola quando passam quantidades moderadas de tempo a utilizar dispositivos para aprender.

Os especialistas dizem que limitar o uso de smartphones pode ajudar a melhorar a concentração, a memória, o sono e as atividades físicas.

“Não proibi-los totalmente, mas limitá-los (o uso do telemóvel pode ajudar) para estimular diferentes tipos de atividades”, disse Jesper Balslev, investigador da Escola de Design e Tecnologia de Copenhaga, à Euronews.

“Na psicologia do desenvolvimento, está muito bem documentado que a postura passiva que se tem com um telemóvel, em que não se está realmente em contacto com os colegas, é prejudicial para a força de aprendizagem”, acrescentou Balslev.

Quando a proibição foi implementada, existiu uma forte resistência por parte dos alunos. Foram meses de conversas entre professores e alunos, processo natural quando se combate um vício. Mas, os alunos reconheceram que se tornaram mais ativos.

Em fevereiro, a Styrelsen for Undervisning og Kvalitet, a agência que supervisiona a qualidade da educação sob o Ministério da Educação e da Criança, anunciou 12 recomendações sobre o uso de dispositivos digitais na escola, tais como a implementação de uma proibição de telefones e o incentivo ao ensino analógico.

Esta mudança marca um afastamento significativo da anterior abordagem da Dinamarca à tecnologia na educação, pioneira na aprendizagem digital, usando a tecnologia nas salas de aula, desde iPads a ferramentas de IA, como o ChatGPT. O investimento do governo dinamarquês para o desenvolvimento da utilização das TI nas escolas em 2012 foi de 500 milhões de coroas (67 milhões de euros).

De acordo com o último inquérito do PISA, um programa da OCDE para a avaliação internacional dos alunos, 86 por cento dos alunos na Dinamarca utilizam ferramentas digitais para fins de aprendizagem durante uma hora por dia ou mais na escola.

No relatório PISA, cerca de 32 por cento dos estudantes admitem que se distraem com a sua própria utilização de dispositivos digitais na maioria ou em todas as aulas de matemática.

As recomendações abordam o tempo de ecrã para além dos telemóveis, reflectindo preocupações crescentes sobre a omnipresença dos dispositivos digitais.

Além da proibição de smartphones, está nos planos das escolas dinamarquesas limitar a utilização de computadores, minimizando o tempo gasto em computadores e incentivando a leitura e pesquisa de livros.

O pioneirismo na adoção de ferramentas digitais na educação foi seguido por vários países, mas, este regresso no tempo e nas práticas também já encontrou seguidores. Países Baixos, Hungria, França e Grécia já criaram medidas para restringir os smartphones nas escolas.

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