Alguns dos hospitais mais conceituados do mundo costumam abrir suas portas para a visitação de médicos e gestores interessados em fazer benchmarking. Seguem-se 17 instituições que podem ajudar a melhorar a performance de sua organização.
Num mundo cada vez mais globalizado, fazer benchmarking é a alternativa mais usual para alinhar operações do mundo inteiro com o que existe de mais moderno em gestão e assistência, seja em uma indústria, na sorveteria da esquina ou no imenso mercado de healthcare dos cinco continentes. Mas como reunir, de forma didática e resumida, oportunidades de experiências nos principais serviços de saúde mundo afora? Assumi esse desafio. Entrei em contato com mais de 150 instituições de diferentes países, das quais 17 se dispuseram a abrir suas práticas nas áreas médica, administrativa e de apoio — algumas têm até programas específicos para isso. Entre elas, há quem receba visitantes durante todo o ano e quem tenha apenas uma janela predeterminada ou que deve ser agendada para isso.
Na maioria dos casos, porém, não é fácil praticar o benchmarking competitivo, ou seja, comparar-se a empresas que atuam no mesmo setor. De Singapura, um grande hospital da capital foi enfático: “Não podemos discutir nossas práticas comerciais e operacionais”.
Dados financeiros, por exemplo, são geralmente considerados segredo de Estado. “Já participei de uma série de iniciativas de troca de informações entre hospitais, todas frustradas, porque um não confia no outro”, admite Carlos Buchpiguel, superintendente médico do HCor, de São Paulo. “Todos fazem questão de falar em alto e bom som como fazem para tratar uma doença, como estruturam suas unidades, mas, quando o assunto é preço, cobertura e requisitos de atendimento, um fica enganando o outro.”
Mas há sempre exceções, como o próprio HCor, que aceitou colaborar com o levantamento e, além dele, hospitais de ponta dos Estados Unidos, da Europa e da América Latina — incluindo brasileiros como o Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Sírio-Libanês.
Baptist Health South Florida
No estado norte-americano da Flórida, encontramos uma instituição reconhecida por seu padrão de ética, sustentabilidade, inovação e satisfação do paciente — e por ser um bom local para trabalhar. O Baptist Health tem oito unidades, que recebem mais de um milhão de pessoas por ano, das quais 12 mil vêm da América Latina e do Caribe. O hospital acolhe estudantes, médicos e administradores de todo o mundo para partilhar conhecimentos e práticas. No programa Shadowing & Observational Rotation, abre oportunidade para os visitantes internacionais terem uma perspectiva de como funciona o sistema médico dos Estados Unidos, de acordo com os parâmetros do Baptist Health. “Os observadores participam, com seus colegas norte-americanos, do dia a dia de um centro médico de reputação internacional pela coordenação interdisciplinar entre educação, diagnóstico e tratamento”, descreve Sahyli Hartney, do departamento de marketing e comunicação internacional da instituição.
O programa internacional foi criado há pouco mais de três anos. Quem quiser participar deve obedecer aos critérios do regulamento: ter ao menos 16 anos, ser apoiado por um médico detentor de licença e com privilégios clínicos na instalação em que o programa ocorra e ficar lá por um período de observação de, no máximo, seis semanas. Os médicos também precisam apresentar cartas de recomendação atestando boa reputação — profissionais de outra área têm de contratar uma verificação de antecedentes realizada por uma entidade indicada pelo Baptist Health. A maioria dos visitantes procura as especialidades cirúrgicas, mas o programa inclui módulos como rondas médicas, procedimentos em sala de operações e melhores práticas de administração em saúde.
O que oferece: o hospital tem um programa de observação para médicos e não-médicos com duração de até seis semanas, disponível o ano inteiro. Os observadores devem arcar com despesas de alojamento e alimentação.
Carolinas Healthcare System
É uma rede com 40 hospitais nos estados de Carolina do Norte e Carolina do Sul — que, juntos, têm uma população estimada de 15 milhões de habitantes. Com orçamento anual de US$ 8 bilhões, é respeitado por ser inovador no atendimento ao paciente, na área oncológica e na pediátrica. Essas distinções levaram à criação do International Medical Outreach Program (Imop), realizado em parceria com a Heineman Foundation, sediada na cidade de Charlotte (Carolina do Norte).
O Imop foi concebido pela Heineman Foundation na década de 1960, e atualmente vem registrando aumento de visitantes. Para se candidatar ao programa, é necessário enviar um e-mail. Depois, os profissionais são avaliados para saber se cumprem os requisitos para a visita pretendida e para definir sua duração, que pode ser de duas a 12 semanas. Segundo Deborah Neffa Creech, do departamento de comunicação, não há limite predefinido do tempo que se pode passar nas instalações, pois a missão do programa é melhorar os cuidados de saúde em países com recursos limitados.
No caso de profissionais que trabalham em instalações precárias, servindo populações de baixa renda, o programa garante apoio financeiro. O que é comum a todos é a oferta de uma guest house, edifício para alojar os visitantes de acordo com a ordem de chegada e, quando necessário, a organização ajuda a encontrar outro alojamento.
O público que mais se interessa pelo Imop é o pessoal clínico, cujo principal interesse recai sobre a área de cuidados cardíacos (diagnóstico e tratamento de doenças do coração, cardiologia e cirurgia cardíaca), ortopedia e emergência (traumatologia). Os visitantes vêm de diferentes países, especialmente da América do Sul e Central (Guatemala, Belize, Chile) e de Dar es Salaam, na Tanzânia. Deborah aponta orgulhosamente o papel da instituição e do programa no desenvolvimento do Guatemalan Heart Institute (Unicar), que replicou com sucesso o conhecimento adquirido nas visitas aos Estados Unidos.
O que oferece: um programa gratuito de duas a 12 semanas, no qual visitantes internacionais aprendem com especialistas clínicos, usando equipamento de ponta. O hospital oferece alojamento.
Henry Ford West Bloomfield Hospital
É uma das instituições norte-americanas mais procuradas por médicos, executivos, universitários e, curiosamente, por profissionais do setor alimentar — não apenas para olhar de perto o que se faz, mas também para pedir informações. Tamanho interesse estimulou o hospital a criar um programa de partilha de boas práticas, aponta Sally Ann Brown, especialista de relações públicas do Henry Ford. Ela comenta que o hospital foi alvo de curiosidade profissional antes mesmo de sua abertura, em 2009. Na época, foram criados programas de “tours de capacete” e de visita guiada a quartos-protótipo, que possibilitavam um olhar mais atento sobre as obras de construção do edifício e sobre o que estava nascendo no local.
Atualmente, a instituição oferece um programa com duração de um dia. Sua estufa e a aposta em conscientizar as pessoas para adotarem uma dieta mais saudável explicam por que o setor alimentar é um dos principais interessados nas visitas às instalações — o Henry Ford Health System emprega mais de 23 mil pessoas e atende 3,2 milhões de pacientes por ano. Quem também marca presença regular são profissionais e executivos de varejo para estabelecimentos de saúde, qualidade e excelência de serviço.
O que oferece: médicos e profissionais podem fazer visita de um dia e com data marcada — em 2015, as disponíveis eram 24/4 e 15/10. O valor é de US$ 750 por pessoa e inclui alimentação, mas não hospedagem.
Hospital El Cruce — Néstor Carlos Kirchner
Apesar de ser o grande ponto de partida de profissionais em busca de práticas de referência, a América Latina se mostra também um importante destino. O El Cruce é considerado o segundo melhor hospital da Argentina e um dos melhores da América Latina (o quarto, segundo uma votação feita em 2014). Seu Plano Estratégico 2013–2017 inclui uma aliança com a Universidade Arturo Jauretche para ensino e treinamento de profissionais de saúde e aponta para que se torne um centro de referência internacional. Desde 2009, chegam visitas nacionais e internacionais em busca de mais conhecimento.
Os profissionais em geral fazem visitas de um dia, e o período preferido pelo hospital é o que compreende os meses de março a novembro, segundo Ricardo Otero, chefe da área de qualidade. As práticas favoritas para benchmarking são bem diversas, e vão desde a gestão clínica e de pacientes até a arquitetura hospitalar. Qualidade, farmácia, enfermaria, aprendizado com base em simulação e diagnóstico por imagem e laboratório são outras das áreas que completam a lista.
Embora a maioria dos visitantes chegue de outras cidades da Argentina, também Chile, Bolívia, Paraguai, Colômbia e Estados Unidos se fazem representar em Buenos Aires. O espírito de abertura é total e, de acordo com Otero, “não existem limites dentro das possibilidades. Só depende das necessidades dos nossos visitantes”.
O que oferece: visitas que geralmente têm a duração de um dia, mas podem ser estendidas a até duas semanas — no primeiro caso, é gratuita; no segundo, há um custo calculado de acordo com a duração e a complexidade das práticas observadas.
Hospital General de Medellín
Os colombianos criaram um processo de benchmarking que acolhe tanto o público local como o internacional. Desde 2006, o hospital, sediado na capital, Medellín, recebe 50 visitas por ano — o que totaliza uma média de 250 profissionais, de janeiro a dezembro. Gustavo Giraldo, chefe de qualidade de planejamento da entidade, deixa bem claro que as visitas devem ser feitas por profissionais, mas em nome de uma instituição.
Para isso, é preciso preencher um formulário. O passo seguinte é fazer uma coordenação entre o interessado e a pessoa ou o processo escolhido como alvo de estudo. A partilha de práticas e de conhecimentos do Hospital General de Medellín engloba temas como a gestão de qualidade, a segurança do paciente e a administração do sistema de farmácia, enumera Giraldo.
O que oferece: visita gratuita e realizada em um período de duas a oito horas; refeições e alojamento são pagos pelo visitante.
San Vicente Fundación
Ainda em Medellín, encontramos esse hospital universitário que tem como vocação a partilha de conhecimento para formar melhores profissionais desde sua fundação, em 1913. A cada mês, a instituição recebe 500 estudantes da área da saúde, 280 dos quais são residentes de especialidades clínicas e cirúrgicas.
O centro hospitalar divide com profissionais médicos de todo o mundo as práticas de referência em suas áreas mais fortes: pacientes de alta complexidade, volume de casos, atenção interdisciplinar, tecnologia de ponta e modelo de assistência baseado na humanização da atenção, segurança do paciente e reabilitação precoce. Também realiza 600 encontros acadêmicos por mês para discutir casos e atualizações médicas sobre gestão clínica e cirúrgica.
Para se candidatar ao treinamento, é preciso preencher uma ficha e esperar a resposta sobre a disponibilidade do serviço pretendido. A seleção é feita durante todo o ano, e os profissionais de saúde vêm de países como Espanha, Escócia, Alemanha, Japão, Brasil e Argentina. As áreas atendidas são: cirurgia do trauma, pacientes com queimaduras, neonatologia, cirurgia plástica, medicina interna, pediatria, reumatologia, endocrinologia, medicina de emergência, transplantes, cuidados de oncologia, prevenção de infecções, segurança do paciente e assistência ao paciente de alta complexidade.
O que oferece: sua duração da visita pode variar entre duas semanas e três meses, de acordo com o tempo considerado necessário para ter a melhor experiência; a instituição cobra de US$ 300 a US$ 900 (alojamento e alimentação não estão inclusos).
Fundación Cardioinfantil
Ainda em território colombiano, falamos com Juan Camilo Bustamante, chefe de operações clínicas da Fundación Cardioinfantil, sediada em Bogotá. Ele explicou de forma sucinta que o hospital tem um gabinete responsável por gerenciar os pedidos de visita — alguns curtos, outros mais longos. O Instituto de Cardiologia está em meio a um processo para se tornar um hospital universitário, e um de seus objetivos é contribuir com a disseminação de informações médicas. Bustamante afirma, com firmeza, que a instituição “quer partilhar esse conhecimento”.
Por ser um centro de cardiologia, seria fácil supor que essa fosse a área preferida pelos médicos de fora, mas o instituto também oferece treinamento em outras áreas, e acolhe principalmente vizinhos da América Central, com destaque para Panamá, República Dominicana ou Equador. Os visitantes podem circular nas instalações apenas enquanto observadores.
Akershus University Hospital (Ahus)
Inaugurado em 2008 na cidade de Lørenskog, na Noruega, é considerado um dos hospitais mais modernos da Europa. A instituição tem uma variedade de programas para visitantes — desde pequenas visitas de cerca de uma hora até excursões mais detalhadas, que duram um dia ou mais. Os visitantes vêm principalmente de outros hospitais, mas alguns são de instituições de ensino superior ou de organizações de saúde públicas e privadas.
Atualmente, o Akershus recebe, em média, 75 visitas anuais e o pico de visitantes foi atingido logo nos primeiros anos após a inauguração, principalmente em 2011 e 2012.
Nas visitas, os temas abordados variam: vão desde a logística e a automação implementadas no Ahus até o processo de planejamento de projetos, o uso de tecnologia da informação e a arquitetura e a decoração do edifício. “Estamos de braços abertos para os médicos e os profissionais da saúde. Em um hospital universitário, é normal haver esse treinamento, assim como encontros e seminários sobre os assuntos em que somos bons”, afirma Marie Sleveland, coordenadora de visitas do hospital. Ela trabalha desde 1973 no setor hospitalar norueguês e diz que essa é uma prática à qual está acostumada desde o início da carreira. Quanto a profissionais estrangeiros, são recebidos apenas quando o hospital quer que o visitem e deixem seus conselhos e opiniões.
Ainda no começo da operação, em 2009, o Ahus teve uma visita do Brasil. Como o edifício é referência mundial em termos de arquitetura, recebeu uma arquiteta vinda de Minas Gerais. Para fazer o mesmo, outros brasileiros podem simplesmente mandar um e-mail. Para agendar a visita, basta se apresentar e informar o que pretende ver, qual é seu objeto de interesse, quantas pessoas integram o grupo e quais os dias e horários que são mais convenientes, explica Marie. Com essas informações, é a própria Marie que prepara todo o programa de visitas, incluindo a visita guiada e eventuais apresentações.
O hospital também realiza contatos com outras instituições universitárias para fazer apresentações. Convida, frequentemente, universidades para cursos e seminários sobre cuidados primários. Esse tipo de programa requer pagamento — de refeições ou de material didático — e não está restrito a público acadêmico ou norueguês.
O que oferece: a visita, em geral, demora entre uma hora e meia e duas horas, mas pode se prolongar por até dois dias; o hospital não garante alojamento, mas oferece almoço.
Uppsala University Hospital
Quem quiser se aventurar pelos países nórdicos poderá aproveitar a mesma viagem para conhecer esse hospital universitário sueco, que fica a menos de 500 km do Ahus, do outro lado da fronteira, na cidade de Uppsala, localizada a 72 km da capital, Estocolmo. A equipe desse hospital também acolhe interessados em conhecer suas boas práticas. Todo ano, o Uppsala recebe vários visitantes, mas de forma distinta.
Há grupos organizados formados por executivos que pretendem tirar lições de seu modelo de gestão e os de médicos, que fazem um tour individual. Segundo o departamento de comunicação do Uppsala, a maioria deles elege aquele hospital para exercer medicina.
O que oferece: o hospital recebe, separadamente, grupos de médicos e de executivos da área para falar do modelo de negócio e fazer um tour por suas instalações.
Barcelona Centre Mèdic (BCM)
Na região espanhola da Catalunha, a instituição costuma receber médicos de diferentes especialidades, não apenas gestores e administradores — sempre respeitando critérios para fazer um benchmarking sério e que apresente certificação apropriada. A diretora do BCM, Maria José Miravitlles, conta que tem muito gosto em receber todas as classes profissionais que queiram conhecer mais sobre o que faz o hospital, incluindo jornalistas. Recentemente, o centro médico recebeu uma delegação de 25 executivos médicos russos.
Hospital Israelita Albert Einstein
No Brasil, falamos com o HIAE, que tem recebido a distinção de melhor hospital da América Latina nos últimos anos — o que faz dele um alvo interessante para benchmarking. Apesar de não ter um programa de visitas técnicas ou de benchmarking formal, Felipe Spinelli, diretor de ensino do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, menciona o Programa Gestão de Excelência Einstein, voltado a líderes (diretores e presidentes) de hospitais, instituições de saúde e de outras áreas. “É a evolução de algumas visitas feitas. A diferença é que ele é formal e mais profundo em cada área da instituição”, afirma. Em 2014, o programa foi construído pelo Einstein com base em um propósito de disseminação do conhecimento e das melhores práticas. “Essa troca nos faz aprender bastante com a oportunidade de ter outras visões e questionamentos”, diz Spinelli. A iniciativa prevê o compartilhamento de informações sobre temas nos quais o HIAE é referência e passa uma visão geral da instituição e do mercado de saúde brasileiro, além de tratar de temas de diferentes áreas (hospital, medicina diagnóstica, ensino e pesquisa) e relacionados à gestão de corpo clínico. Visitas guiadas mostram pontos como o Centro de Simulação Realística e o Centro de Oncologia a grupos de dirigentes de instituições de saúde e até turmas de MBAs, diretores, presidentes e líderes de empresas de outros setores.
O programa é realizado uma vez por ano e dura dois dias; seu custo é de R$ 6.500, o que inclui apresentações, visitas e almoço.
Hospital Memorial São José (HMSJ)
A instituição pernambucana foi a primeira do Norte e Nordeste a receber a acreditação da Joint Comission International, em janeiro de 2012, data que marca o início do intercâmbio de conhecimento. Antes disso, porém, o hospital já tinha um Programa de Gestão de Riscos Clínicos/Não Clínicos, iniciado em 2008.
De acordo com a assessoria do HMSJ, essas práticas estão sendo adotadas gradualmente por mais instituições hospitalares brasileiras, que visitam as instalações todos os anos, mas também captam a atenção de observadores estrangeiros. Em 2012 e 2013, equipes da Turquia e dos Estados Unidos estiveram no Recife para visitar o Memorial São José — primeiro hospital com a certificação Joint Comssion do Nordeste. O objetivo era ver de perto como a instituição consegue ter indicadores de TEV (tombroembolismo venoso), abaixo dos padrões de controle de infecções definidos pela Organização Mundial de Saúde.
Além das visitas, o HMSJ vem publicando artigos e pesquisas sobre suas experiências em publicações científicas nacionais, e a equipe de gestão de riscos e controle de infecções tem sido bastante requisitada para dar palestras e minicursos pelo Brasil e em eventos europeus.
Hospital São Camilo
As visitas técnicas dessa rede de hospitais de São Paulo atraem profissionais formados e que têm interesse em conhecer alguma atividade de gestão correlacionada a sua área de atuação. Daniela Tamássia, gerente de RH da Rede de Hospitais São Camilo, define o benchmarking externo como “um momento rico em oportunidades de trocas de melhores práticas”. Há cerca de cinco anos, a instituição tem um programa para integrar profissionais de variados segmentos.
Os interessados em participar podem solicitar a participação por meio do site da rede — é preciso indicar as datas de interesse e que áreas de interesse a serem visitadas, como a de Qualidade ou o Centro de Simulação Realística e Suprimentos, que estão entre as mais solicitadas. Nessa visita, são compartilhados dados comparativos e tendências internas. “O visitante terá acesso a materiais de divulgação, e materiais adicionais serão submetidos à autorização da diretoria da área visitada”, esclarece a assessoria.
O hospital faz um tour de uma hora para o visitante conhecer áreas como as de qualidade, financeiro, atendimento, hotelaria e o Centro de Simulação Realística e Suprimentos.
Hospital São José
Em São Paulo, o Hospital São José, da Beneficência Portuguesa, disponibiliza dois programas de intercâmbio em oncologia, vigentes desde 2011. São dois programas com diferentes orientações e destinatários, mas restritos a profissionais brasileiros. O Programa de Observadores é voltado a médicos pós-residência e realizado em um período de um a dois meses, sem subsídios institucionais. Entre os centros associados, a assessoria do HSJ destaca o Inca e o Hospital do Câncer de Barretos. Já o Programa de Fellowship acolhe médicos pós-residência em oncologia, tem duração de um ano e prevê a remuneração do profissional. Existem dois programas para médicos — um com até dois meses e outro com duração de um ano.
Instituto Nacional de Traumatologia e Oncologia (INTO)
Outra instituição sediada em São Paulo, o INTO, tem 45 residentes em treinamento, mestrado profissional, pós-graduação lato sensu e oferta da especialidade em cirurgia do joelho, quadril e coluna dentro de ortopedia.
O agendamento da visita é feito no site do hospital, e os participantes têm de optar por residência médica, mestrado ou pós-graduação na subespecialidade. O Into recebe também observadores. “Profissionais estrangeiros não podem entrar em cirurgia e um colega de outro estado não pode operar, por não possuir CRM, mas pode ver as instalações, as cirurgias e os exames”, aponta João Matheus Guimarães, diretor do Into. Um dos últimos observadores, diz, foi um profissional da Argentina que passou 15 dias vendo cirurgias de alta complexidade.
O instituto também tem residência em enfermagem e nutrição e organiza seminários, inclusive sobre temas como administração pública. “Somos referência nesse assunto”, afirma Guimarães. Para partilhar boas práticas, há parcerias como as com a International Society of Ortopaedic Centers — segundo Guimarães, o Into é o único brasileiro a fazer parte do grupo, que tem parceria com o hospital mais famoso de ortopedia dos Estados Unidos, o Special Surgery — e convênios com hospitais e laboratórios de pesquisa nacionais.
Os interessados passam de uma semana a 15 dias visitando o hospital para ver o que tem de mais moderno; o Into oferece hospedagem para residentes, mas visitantes bancam sua hospedagem.
Hospital Sírio-Libanês
Para esse hospital filantrópico de São Paulo, compartilhar conhecimento é uma responsabilidade social. “O que pesquisamos e aprendemos, temos de passar para a frente”, afirma Antonio Eduardo Antonietto, gerente de relacionamento com o corpo clínico do Sírio-Libanês. A entidade tem um Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e, em parceria com o Ministério da Saúde, faz treinamento para todo o Sistema Único de Saúde. Antonietto coloca números na mesa: “Em 2014, treinamos 20 mil profissionais do SUS, enfermeiros, médicos e todos os outros níveis de trabalho hospitalar, todos dentro dos parâmetros do hospital”.
Para ele, é importante compartilhar dados com o público e com a concorrência. “As pessoas hoje se informam mais, e a internet propicia a publicação de um sem-número de informações, então há condições de compreender esses indicadores e classificar o hospital. O benchmarking foi só o início da disponibilização das informações para que possa haver consulta e comparação”, diz.
Todos os anos, profissionais brasileiros e de outros países passam pelo Sírio-Libanês. As áreas mais procuradas são relacionamento com corpo clínico, oncologia e a de pesquisa, ligada ao IEP. Apesar de o hospital não ter um programa, existe a disposição de receber quem solicita uma visita.
Em missão recente, uma equipe do Hospital Alemão do Chile veio saber como o Sírio-Libanês faz avaliação médica e de seu corpo clínico. França, Iraque, Estados Unidos, Argentina e Angola — que enviou duas missões em 2014 — são outros exemplos de países que já aproveitaram a hospitalidade do Sírio-Libanês. Depois de agendar a visita, o hospital define se algum valor será cobrado.
O hospital não tem um programa, mas recebe visitantes brasileiros e estrangeiros, e destaca os profissionais adequados para falar sobre o tema escolhido; a iniciativa é gratuita, mas em alguns casos a visita é cobrada.
HCor (Hospital do Coração)
A ronda pelos hospitais de referência brasileiros não poderia deixar de passar pelo Hcor, de São Paulo. Seus visitantes conhecem um panorama do que se faz no hospital e descobrem que ele está aberto ao benchmarking externo, principalmente entre as instituições consideradas de excelência pelo Ministério da Saúde. “O hospital vem se estruturando para atender de forma mais ampla as solicitações de executivos e das diretorias de outras instituições”, afirma Carlos Buchpiguel, superintendente médico.
Segundo ele, não há restrição de visita a nenhuma área. “Estamos estruturando a elaboração de cursos de extensão e pós-graduação lato sensu para possibilitar capacitação na área de gestão assistencial e hospitalar”, diz Buchpiguel.
Para visitar o Hospital do Coração, na capital paulista, basta fazer o pedido e contatar o profissional ou a equipe de interesse. A unidade está inteiramente aberta a fazer benchmarking.
(Ver ParteII – Case Cleveland Clinic)
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Publicado no Portal DiagnósticoWeb
Publicado na Revista Diagnóstico