A Red Eléctrica negou que um ciberataque fosse a causa da falha de energia, no entanto, Tribunal Superior de Espanha ainda não terminou a sua investigação, conta a Euronews.
A rede elétrica nacional de Espanha, a Red Eléctrica, garantiu, através da sua presidente, que o apagão não voltará a acontecer e que ocorrido não foi um erro da empresa. Beatriz Corredor também explicou que “relacionar o incidente grave de segunda-feira com o aumento das energias renováveis não é correto” e disse que o sistema elétrico espanhol é “o melhor e mais resiliente da Europa”.
Corredor negou a teoria de o apagão tivesse sido causado por um ciberataque, mas confirmou que o Tribunal Superior de Espanha ainda tem essa possibilidade em investigação. O governo espanhol deu até ao final da tarde de quarta feira para a Red Elétrica para relatar as suas descobertas.
O vizinho ibérico também tem o evento em investigação e a a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) de Portugal disse que “ainda não sabe a causa do apagão”. O presidente da agência, José Manuel Moura, disse aos jornalistas na quarta-feira que não houve “nenhuma vítima” no corte de energia de segunda-feira.
O que se sabe sobre o apagão
Cerca de três horas antes do apagão, os sensores de qualidade de energia em casas na zona de Madrid mostraram sinais de alerta de uma rede instável. Houve pequenas flutuações na voltagem por volta das 9h30, hora local, de acordo com o CEO da Whisker Labs, Bob Marshall, que tem sensores em casas em Madrid e nas proximidades da cidade, onde testa tecnologia para para prevenção de incêndios residenciais e monitorização da rede elétrica.
Marshall conta que os dados mostram que houve oscilações cuja frequência e magnitude aumentaram nas três horas seguintes até que a rede falhou. Por volta do meio-dia, houve um grande aumento na magnitude das flutuações, com a voltagem medida a subir e a descer cerca de 15 volts a cada 1,5 segundos.
“A forma como eu interpretaria os nossos dados”, explica Marshall, “é que a rede elétrica está em dificuldades. Algo está errado. E mostra sinais crescentes de instabilidade”.
Pouco passava das 12h30, quando a Espanha perdeu 15 gigawatts de eletricidade. Isso equivale a 60% da procura no país de 49 milhões de habitantes. Dados informados pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez.
Segundo a operadora de rede elétrica de Espanha, Red Eléctrica, ocorreram dois “eventos de desconexão” significativos — interrupções de energia — antes da falha de energia. A rede espanhola conseguiu recuperar do primeiro evento, mas o segundo foi mais prejudicial, progredindo ao ponto de provocar interrupções no sistema elétrico de França e produzindo “uma desconexão maciça e temporária”, segundo explicou o diretor de operações de sistemas, Eduardo Prieto.
A rede eléctrica da Europa é altamente conectada, o que significa que pode reunir energia entre países e pode tornar o sistema mais resiliente. No entanto, significa que uma interrupção numa importante artéria de transmissão ou um desequilíbrio de frequência pode desencadear interrupções de proteção em cascata entre países, de acordo com Shreenithi Lakshmi Narasimhan, membro do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrónicos.
Espanha e Portugal estão ligados à principal rede eléctrica da Europa através de França e a queda repentina de energia provocou o disparo de um interconector entre Espanha e França, daí que o apagão tenha afetado o território francês.
O que não se sabe sobre o apagão
Nem as autoridades de Espanha nem as de Portugal sabem exatamente o que terá provocado as flutuações e a eventual falha de energia.
“Há uma variedade de coisas que geralmente acontecem ao mesmo tempo e é muito difícil para qualquer evento dizer ‘essa foi a causa raiz'”, disse Eamonn Lannoye, diretor administrativo do Instituto de Investigação de Energia Elétrica. De acordo com Lannoye, há uma série de eventos que podem explicar falhas na rede, incluindo o encerramento de linhas de rede elétrica ou geradores em alguns locais para manutenção. “Acho que é justo dizer que este pode ser um evento realmente complexo”, afirmou.