A maior empresa de processamento de carne do mundo, a brasileira JBS, anunciou na quarta-feira um plano para garantir que até 2025 as vacas que compra não sejam criadas em terras desmatadas, após enfrentar acusações de alimentar a destruição da Amazônia.
A empresa também informou a criação de um fundo para promover a preservação da floresta tropical com uma contribuição de 250 milhões de reais (US $ 45 milhões) ao longo de cinco anos e uma meta de financiamento total de mil milhões de reais, quantia a ser angariada parcialmente através meio de doações.
“Nós da JBS estamos assumindo nossa obrigação de realizar a transformação necessária em nossa cadeia de suprimentos”, disse o presidente-executivo Gilberto Tomazoni em entrevista coletiva online.
“Nós sabemos o quão importante a floresta tropical é no combate às mudanças climáticas”.
A JBS tem sido repetidamente acusada de “lavagem de gado”, na qual animais de fazendas que estão na lista negra por desmatamento ilegal na Amazônia são transferidos para outras com um histórico ambiental limpo para evitar uma proibição de vendas.
A empresa afirma que erradicou o desmatamento de sua cadeia de abastecimento direta, mas admite que atualmente não consegue verificar o gado fornecido aos seus fornecedores por fazendas de terceiros.
A nova iniciativa gira em torno de uma “plataforma verde” digital usando a tecnologia blockchain que exigirá que os fornecedores da JBS providenciem informações completas de rastreamento de todo o gado até o final de 2025.
Ainda assim, alguns investidores disseram que o plano não era suficiente.
“Embora as soluções de blockchain precisem de tempo para serem desenvolvidas, 2025 está muito longe”, disse Eric Pedersen, chefe de investimentos responsáveis da Nordea Asset Management, que anunciou em julho que estava a retirar-se da JBS devido às preocupações com o desmatamento.
“Existem outras medidas que podem ser eficazes antes disso, por exemplo, controlos mais rígidos para que o gado não seja comprado a proprietários de fazendas aprovadas, se eles também possuem fazendas em terras disputadas”.
Jeanett Bergan, do fundo norueguês KLP, disse que “somente o tempo e os dados dirão” o quão eficaz é a medida.
“Temos de ver as evidências detalhadas na prática, principalmente devido às controvérsias que levaram a empresa a se tornar um grande alvo de desinvestimento global”, disse.
O Brasil enfrenta pressão crescente, inclusive de investidores internacionais e parceiros comerciais, para diminuir o aumento do desmatamento.
No ano passado, o primeiro sob o presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento da Amazónia brasileira aumentou 85,3%, para uma área quase do tamanho do Líbano.