Estudo revela falha na radioterapia com base na cor da pele

Uma nova investigação mostra que doentes oncológicos com pele escura correm maior risco de casos graves de efeitos secundários dolorosos da radioterapia. Segundo o estudo do Dr. Juhi Purswani, da NYU Langone, a ferramenta para detectar a doença só funciona bem em doentes de pele clara.

Dos quatro milhões de doentes nos EUA que recebem radioterapia todos os anos, mais de 90% irão desenvolver dermatite por radiação, ou seja, queimaduras na pele. A principal ferramenta de rastreio aprovada pelo Instituto Nacional do Cancro para detectar e classificar a gravidade da doença procura a vermelhidão na pele.

Para este estudo, os investigadores examinaram a dermatite por radiação ao longo de um ano após o início da radioterapia. No total, foram 60 doentes de diversas cores de pele, com câncer da mama , utilizando um espectrofotómetro. Este dispositivo é normalmente utilizado para análise de cor nas indústrias de tintas e cosméticos.

O estudo observou que, ao contrário da pele clara, a pele mais escura não apresenta vermelhidão à medida que se desenvolve a dermatite por radiação, em vez disso, escurece.

A mesma equipe de investigação tinha relatado anteriormente que os médicos muitas vezes não diagnosticam dermatite por radiação em pacientes com pele mais escura, ou só conseguem diagnosticar quando a pele começa a descamar e a formar cicatrizes.

O líder do estudo, Dr. Juhi Purswani, da NYU Langone, partilhou as novas descobertas na reunião da ASTRO, sigla da Sociedade Americana de Oncologia de Radiação, em Washington.

Purswani e os investigadores que colaboraram no estudo recomendaram que seja alterada a ferramenta de rastreio padrão. No resumo apresentado, partilharam que a ferramenta “provavelmente subcaptura a dermatite por radiação em peles negras”. Uma das consequências é o abandono dos pacientes, que tratam a dor por conta própria, recorrendo a cremes e analgésicos vendidos sem receita médica.

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